quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sentidos


Sentido
Alice Ruiz

Que fique muito mal explicado
Não faço força pra ser entendido
Quem faz sentido é soldado
Para todos os efeitos meus defeitos não são meus
Que importa o sentido se tudo vibra?
Não importa o sentido
O bramido do meu canto mudo
Comporta bemóis e sustenidos
Convoca ouvidos surdos
Ao silêncio suave
Da melodia sem conteúdo
Está escrito
Quem não quiser ceder ao canto das páginas
feche os olhos ou tape com cera os ouvidos.





Equívoco?
Alice Ruiz

Tudo
que
está
vivo
parece
parado


a
folha
morta
ao
cair
parece
viva



Sem Palavras
Alice Ruiz

Sumiê de fios, de folhas, sem tinta e sem pincel, onde o espaço faz papel de papel, o fio faz o efeito da escrita, os livros, fios em branco, são lidos pelo avesso, de lado, de vulto, de soslaio, os fios das folhas em ritmo, ora gráfico, ora elétrico, escrevem rimas ricas, linhas em todas as direções devolvem, resolvem nosso emaranhado enquanto flutua  a dura madeira,  nua carne, árvore madura suspensa, susto que pensa, pressente, arrepio de pêlos que nascem, atravessam, passam, morrem no pálido da pele onde ainda persiste um nada que se move na força dos fios e revela sua leveza e eleva o peso  do espaço com todas as palavras não ditas




Só existe dois dias do ano que nada pode ser feito.
Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto,
hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.
Dalai Lama

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