quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tarde

"Algumas tardes
têm a solidão da nota que ficou sem melodia,
do texto sem ponto final,
da tela onde as pinturas naufragam...
Algumas tardes ficam sem respostas
como as cartas que voltam com o carimbo:
“Endereço não encontrado."
E a gente sabe que perdeu,
mais que a cidade, o desejo de procurar a rua,
mais que o número,
a possibilidade de entrar,
limpando o passado no tapete...
Algumas tardes terminam como um cartão-postal,
flagrante da paisagem
naquele instante, naquele átimo
em que o sol deixa um raio sobre o muro e,
na linha do horizonte,
os pássaros debandam.... "
Célia Musilli





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