É preciso amar o inútil. Criar pombos sem
pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher rosas, escrever sem
pensar em publicar, fazer coisas assim sem esperar nada em troca. A distância
mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos
que se encontram as melhores coisas. Este céu que nem promete chuva. Aquela
estrelinha que esta nascendo ali... Está vendo aquela estrelinha? Há milênios
não tem feito nada, não guiou os Reis Magos, nem os pastores, nem os
marinheiros. Não fez nada. Apenas brilha. Ninguém repara nela porque é uma
estrela inútil. Pois é preciso amar o inútil porque no inútil esta a beleza. No
inútil esta Deus.
Lygia Fagundes Telles
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