sábado, 15 de janeiro de 2011

Cachorros nas ruas de Canela


E a partir do dia 20 de janeiro pode piorar. A ONG Amigo Bicho, tendo em vista as atuais dificuldades de manter os animais que la se encontram estará devolvendo as ruas todos os animais que estão abrigados nas suas dependências.


Porque isso ocorre? De quem é a responsabilidade?
Isso ocorre porque há uma superpopulação de animais, e a responsabilidade é toda do ser humano. Foi o homem que trouxe cães e gatos para esse convívio estreito que se vê hoje em dia. Há cerca de 10.000 – 12.000 anos a.C. o homem iniciou a domesticação desses animais, oferecendo abrigo e alimento em troca de proteção, auxílio na caça e companheirismo. Para que um animal seja domesticado, ele precisa atender a determinadas condições, como sociabilidade, gostar e procurar ativamente pela companhia do ser humano, e passar essas características aos seus descendentes; e para que o cão e gato tivessem as características que vemos hoje, o homem levou centenas de anos aprimorando seus padrões.
Mas, em tempos modernos, onde faltam moradias e alimentos para os seres humanos, como podemos conviver com os cães soltos por aí? O problema é realmente sério. Animais soltos podem: atacar pessoas e outros animais, transmitir uma série de doenças ao ser humano (mas o ser humano também transmite uma série de doenças aos animais), ser atropelados, causar acidentes involuntários, atacar pedestres, motociclistas e ciclistas, sofrer abuso, serem maltratados, se infectarem com doenças venéreas, serem mortos e, neste caso, seus corpos representam fonte de contaminação e podem entupir bueiros e atrapalhar a passagem em ruas e calçadas… A lista é grande.
Animais soltos é um problema de saúde pública e social, animais abandonados representam e traduzem a educação de um povo.
Como resolver esse problema?
Na realidade, o problema não são os animais, mas seus proprietários, que os soltam nas ruas (ou os deixam soltos), que os alimentam e que os tratam, mas que não querem assumir a responsabilidade total pelo animal. A posse responsável atenderia a essas preocupações e eliminaria o problema. Se o ser humano fosse responsável ao adotar e, só adotar observando alguns conceitos que são fundamentais, tais como:  verificar se toda a família está de acordo; caso contrário, não adotar, não dar animais de presente: tem que ser uma escolha consciente da pessoa que vai adotá-lo, e não algo imposto, não adotar um animal de uma determinada raça só porque está na moda: a moda passa; lembre-se que o animal é um filhote fofinho agora, mas que vai crescer rapidamente e precisa de espaço e alimentação balanceada e de boa qualidade. Lembrar que enquanto é filhote ele precisa de visitas periódicas ao médico veterinário e de atenção constante. Lembrar que todo animal vivo faz xixi e faz cocô, e alguém vai ter que se responsabilizar pela limpeza do local, todo animal necessita de um espaço para brincar, de uma casinha protegida do sol forte, do vento e da chuva, de tempo para si mesmo e de tranqüilidade. Não adotar só porque é de graça: é uma vida e não um brinquedo!  Não adotar por entusiasmo; pensar no espaço e tempo disponíveis para dedicar ao animal, entre brincadeiras, educação, e idas ao veterinário. Lembrar de que à noite o filhote vai chorar, porque acabou de ser separado da mãe e dos irmãos (imagine como você se sentiria se isso acontecesse a você quando tinha 2 anos de idade) e verificar se todas as pessoas da família estão conscientes disso, ter disponibilidade financeira para levar o seu amiguinho ao médico veterinário sempre que necessário, lembrando de vaciná-lo todos os anos, até o fim da vida dele, com uma vacina polivalente e uma contra raiva e se, por qualquer motivo, for necessário se desfazer do animal, procurar um novo dono com cuidado e entre as pessoas que saibam e assumam a posse responsável. Nunca o abandonar (é desumano); nunca deixar o animal solto nas ruas, nem quando estiver sob vigilância; quando levar a passear recolher sempre as fezes em saco plástico apropriado; manter sempre com coleira e guia quando sair às ruas; não permitir que morda ninguém sociabilizando o animal desde filhote; promover sempre o bem-estar do animal em todas as ocasiões; quando viajar leve junto ou convoque alguém para que cuide dele e da alimentação; manter o local onde ele fica e sua casinha sempre limpos; manter sempre água fresca à disposição dele; evitar as crias indesejadas esterilizando o animal, macho ou fêmea (não, o temperamento do seu animal não vai mudar!); educar as crianças para respeitar o animal, não batendo, chutando, torcendo, puxando ou ainda jogando-o de escadas e de janelas.
Quem adota ou cuida de um animal precisa saber que ele é uma vida e não um brinquedo. Não se pode guardá-lo no armário ou jogá-lo na rua quando cansar de brincar com ele!
O ser humano tende a seguir exemplos. Se você tratar bem do seu cão, educando-o e higienizando-o, fazendo com ele seja agradável com as pessoas e com outros animais, todos tenderão a gostar dele e aceitá-lo; o inverso também é verdadeiro. Ainda como exemplos, o que você faz com o seu animal funciona como uma demonstração inconsciente do que você aceita e quer que façam com você: analogamente, abandonar um animal na rua é como abandonar pai/mãe em asilo. Entendeu?
Crianças requerem uma atenção especial quando forem adotar um animal. Sempre prometem que vão cuidar deles, mas os pais devem saber e estarem preparados para a realidade: não vão, pelo menos não sempre. Então quem vai limpar a sujeira deles?
Outra preocupação crescente em relação às crianças é a que relaciona criança que maltrata animal com o adulto que abusa e maltrata e até mata. Vários estudos científicos comprovam essa relação, incluindo na lista vários assassinos em série, que maltratavam animais na infância “só por diversão…”
Pense bem antes de assumir a responsabilidade por uma nova e dependente e indefesa vida. Este é trabalho que depende de vários fatores, e o principal é o proprietário, porque é quem vai conviver com o animal por no mínimo 10 anos, suprindo as mesmas necessidades de uma criança pequena, em uma relação de dependência extrema.

2 comentários:

  1. Marcia Querida!

    Esse texto é belíssimo, espero que todos que leiam reflitam sobre o que querem para Canela. Dia 20 está aí, mas ainda temos tempo para mudar a história!

    Beijos e abraços
    Tábatha Colla

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  2. Grande Nega. Muito bacana teu texto. Se TODAS as pessoas pensassem o agissem assim no momento de adotar ou comprar um animal doméstico? Falta educação para o povo, em todos os sentidos. Se não realizam o controle de natalidade de seres humanos, quiçá destes animais que vemos por aí!Povo sem educação, é povo sem futuro! Um grande abraço e vamos torcer que, pelo menos os animais que estão na ONG, sejam ainda "salvos" do abandono!Pedro Beron.

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